quarta-feira, 29 de agosto de 2018

PASTA KICHEN Projeto completa um ano atendento homeless em Cape Town



Projeto reúne voluntários e moradores de rua de Observatory e arredores em Cape Town, na África do Sul.

Jantar de aniversário foi especial e reuniu mais  de 100 pessoas


Toda semana uma foto especial certifica quem esteve presente no evento

Preocupação de criança: brincar e ser feliz
Em uma rua curta e residencial do subúrbio de Observatory, na simpática Cape Town a tarde vai chegando ao fim. A noite ainda demora um pouco para se apresentar, mas o frio do inverno chega rápido. Hoje é quarta-feira e aos poucos moradores de rua de Observatory vão chegando para a noite da macarronada  no salão da Igreja Anglicana Santo Michael. Hoje o dia é especial, porque o Projeto Obs The Pasta Kichen está completando um ano.  

Eles chegam tímidos e silenciosos. Os passos parecem pesados e vacilantes. Mas, ao atravessarem  a porta do salão causam a impressão de que estão mais aliviados. A partir de então, trocam sorrisos largos, cumprimentam os amigos. Parece,  que por um pouco de tempo, esquecem das mazelas da vida e do frio que faz lá fora. A maioria é natural de Cape Town, mas há pessoas de Moçambique e  Zimbábue. Possivelmente até de outros países, uma vez que é grande a migração por aqui. Talvez, por ser uma noite de festa, o projeto desta quarta atraiu um número maior de participantes, no salão  havia mais de 100 pessoas e  seguramente 70% do público era de homeless.
Música ambiente, um período de relaxamento e uma performance musical apresentada pela Celinea, uma beneficiária do projeto dão início ao programa da noite. Pouco depois das seis o jantar começou   a ser servido, como sempre, a macarronada estava uma delícia, o segredo? Parece que é o amor que aquelas pessoas dedicam àquele trabalho  simples, nobre  e gratificante.  E como não há aniversário sem bolo, não faltou o parabéns pra você e os famosos cupcakes. E pra surpresa geral teve até brigadeiro à moda brasileira.  E para aquecer os corações todos puderam saborear um delicioso chocolate   quente.
A música  para descontrair e relaxar fica por conta do Okurt, que toda semana marca presença 
O The Obs Pasta Kichen tem mostrado a todos que participam dele, seja como beneficiário ou voluntário que não se trata apenas de oferecer um prato de comida para pessoas que vivem em estado de vulnerabilidade, mas proporcionar um tempo, mesmo que curto, de solidariedade e de compaixão. 
Um pouco de atenção às vezes é tudo que se precisa

Parece que não  há nada mais precioso do que receber o toque de carinho de uma mão amiga ou  um sorriso sincero. Foi assim que Gilbert se sentiu hoje. Ele e a companheira  Estelle e os dois filhos participaram pela primeira vez  do  Pasta Kichen e disseram que foi muito bom.  Com este primeiro aniversário o projeto vem cumprindo o seu papel e já tem dado passos maiores, buscando inserir homeless no mercado de trabalho, resgatando assim a dignidade de muitos.
Cupcakes e brigadeiros para a celebrar o aniversário do projeto
Todas às quartas-feiras, a partir das 5  horas da tarde, o grupo de voluntários se reúne no salão da Igreja Anglicana St. Michael, em Observatory, onde prepara a macarronada. O endereço é um pouco longe, pois fica no continente africano, mas pra quem pensa em aparecer pela Cidade do Cabo, fica a dica.




Tempero da macarronada: Amor ao próximo

Solidariedade

Compaixão




quarta-feira, 22 de agosto de 2018

HAPPY BIRTHDAY!

VINTE E DOIS DE AGOSTO - UM DIA MUITO ESPECIAL

Long time ago iniciei uma viagem. Não sabia o destino, mas tinha a certeza absoluta de que queria realizá-la, apesar de achar que me faltava maturidade. Também não sabia   se teria força suficiente  para empreendê-la.   Mesmo distante,  apegava-me  a Deus e  cada dia renovava meu pedido, sempre clamando por socorro e condições de fazer uma boa viagem. 










                                          ANIMAIS - Uma paixão que começou cedo

O tempo foi passando e no dia previsto para sua chegada pude finalmente ver parte daquele projeto executado. A partir de então já não era a minha viagem, mas a nossa. Confesso que a viagem ficou muito mais difícil do que no começo. Olhava pra você tão pequena  e indefesa  e desejava guardá-la de novo dentro de mim, para que ninguém pudesse lhe fazer mal. Mas não tinha mais jeito. A partir dali era tudo ou nada.


Ao longo desta viagem vivemos dias muitos difíceis, mas também têm sido incontáveis os  dias felizes.  O tempo continuou passando  e aquela menininha indefesa transformou-se em uma pessoa extraordinária, uma profissional por excelência. Uma mulher extremamente forte, mas ao mesmo tempo sensível, ora uma gatinha frágil, ora uma leoa, pronta para defender seus ideais.
Hoje, quando ouço pessoas se referindo a você, falando mais de suas qualidades do que dos seus  defeitos, porque felizmente ninguém é perfeito,  fico imaginando o quanto Deus tem sido  maravilhoso conosco ao longo de todo este tempo. Creio que temos um longo percurso para percorrer, e desejo muito que nossa viagem continue com dias ensolarados e noites tranquilas, mas mesmo quando houver noites tempestuosas,  possamos sempre contar com a compreensão mútua de saber que onde quer que estejamos temos sempre o refúgio dos braços e do colo de mãe e filha.

Para você  Raísa Tavares Thomaz dedico hoje todo o meu amor, desejando-lhe um Happy Birthday, completo de alegrias e de realizações.
 
O esrilo Mama  Árrica


Divulgação da Reforma do Plano Diretor a meta do momento

domingo, 19 de agosto de 2018

A INCREDULIDADE NAAMÃ E MEU ENGLISH

A vista de um dos cruzamentos entre bairros do subúrbio de Cape Town
 Estamos chegando na reta final do Intercâmbio. Mais três semanas de aula e finish
Uma etapa importante da vida concluída. O que fazer daqui pra frente? Qual o novo objetivo?
Uma coisa de cada vez, porque muitos pensamentos ao mesmo tempo me deixam atrapalhada. 
Por alguns dias passou pela minha cabeça o desejo de esticar minha permanência por aqui por uma nove ou dez semanas a mais.  Fiz até umas pesquisas nas companhias aéreas, rascunhei um e-mail para a escola solicitando um orçamento, mas desisti. 
Primeiro porque ia perder uma grana que não posso me dar ao luxo de jogar pela janela. Afinal,  não posso esquecer que sou aposentada e vivo em um país em que as condições econômicas e financeiras são precárias, além de termos sempre uma ameça sobre mudanças no sistema previdenciário. 
Segundo, porque organizei a minha vida para três meses de ausência em casa. Se bem que tudo por lá me parece estar sob controle e em melhores condições com a nova direção. 
E por último, se não me engano, e o mais importante talvez, o meu desempenho na nova língua. De fato, nem tudo acontece como se imagina. Pra quem conhece a estória de um homem chamado Naamã, um personagem extraordinário da Bíblia, lá no Velho Testamento, acho que tive um pensamento parecido com o dele, embora tenha consciência de que não seria assim. Vou explicar melhor:
Naamã era um homem muito importante no exercito do rei da Síria. Era o general cinco estrelas que comandava todo o exercito e talvez ocupasse até o cargo de ministro militar. Pois bem, Naamã tinha um problema sério: ele era leproso e a lepra naquele tempo era a pior de todas as doenças, porque obrigava ao doente viver uma vida segregada. Talvez pela importância de seu cargo e pelos recursos que devia possuir, Naamã não precisou viver totalmente longe do convívio social. Mas a lepra o tornava diferente. 
Um dia, uma adolescente  talvez, levada entre os despojos e cativos de Samaria, após uma investida vitoriosa do exercito de Naamã, acabou indo servir na casa deste homem.   Lá, ela contemplou a situação e confidenciou a esposa de Naamã, que se este pudesse ir diante do profeta Eliseu em Samaria, ele certamente sararia da lepra. 
A menina era uma escrava, mas sua voz foi ouvida e valorizada e a esposa de Naamã relatou a ele tal possibilidade. Naamã por sua vez levou o assunto ao rei da Síria que escreveu cartas ao rei de Samaria, pedindo que houvesse uma intermediação para  que Naamã chegasse ao profeta. 
Mas pra finalizar, Naamã foi a Samaria e não foi recebido pelo profeta que lhe mandou uma mensagem: mergulhar no Rio Jordão sete vezes. O general ficou indignado, afinal, viera de tão longe, tivera tanto trabalho e não foi recebido pelo profeta, afinal quem era este, diante da importância de uma autoridade militar estrangeira e que trazia cartas seladas pelo próprio rei?
Naamã esperava ser recebido, ter suas feridas tocadas e ser curado. 
Quanto a mim, acho que eu esperava chegar aqui e com uma semana ter os ouvidos destampados para entender todos os sons e fonemas desta língua extraordinária. 
Mas não foi assim, porque as coisas não são como parecem ser. As pessoas são dotadas de habilidades, aos 58 ainda não sei bem quais são as minhas, mas certamente  aprender uma outra língua num abrir e fechar de olhos ou com algumas semanas de convivência, não é uma delas. 
O graduado militar foi convencido pelos seus soldados a mergulhar no Jordão, e assim o fez, mesmo a contra gosto e ficou curado. Eu vou voltar pra casa e continuar a estudar. Não sei quanto tempo me resta, mas espero ter forças para continuar, porque os desafios desta vida muitas vezes nos levam ao desânimo e cansaço, mas quando temos nossas forças renovadas podemos contemplar um horizonte com muitas possibilidades. 
 
Waterfront - Onde todos os turistas se encontram em Cape Town





sexta-feira, 17 de agosto de 2018

MOMOKA'S SUSHI


Saudades de você Momoka

                   Ela diz que não tem segredo e que é muito fácil, rápido e prático preparar o sushi

Ela chegou à escola há três semanas. Hoje se despediu da turma e já deixou saudades.  Momoka Nagai, praticamente uma menina aos 18 anos, mora em Osaka no Japão e veio a Cape Town pela segunda vez em visita familiar. Desta vez aproveitou para gastar o tempo no intercâmbio, uma escolha inteligente.
A japonesinha, com o nome engraçado, e que quase ninguém acerta falar, mesmo três semanas depois, chegou muito tímida. No primeiro dia, ao final da  aula admitiu que estava confusa, mas não desistiu.  Passados alguns dias ela deslanchou  e se não tivesse que retornar ao Japão,  onde está concluindo o ensino médio, ninguém ia segurá-la.
Momoka também é uma pessoa doce, agradável e atenciosa. E faz um sushi extraordinário. Eu que nem gostava de sushi, adorei. A professora Portia, uma admiradora da culinária japonesa, desde que experimentou a iguaria  feita pelas mãos de Momoka, há duas semanas, na despedida de outra ilustre estudante, Renad, uma  universitária saudita que mora em Riyadh, não se  cansava de elogiar a talentosa oriental.  E hoje teve reprise. Atendendo a verdadeiros clamores Momoka mais uma vez nos presenteou com outra rodada de sushi. Desta vez recebemos até convidadas, que vieram da turma do Advance para experimentar e aprovar o sabor especial do verdadeiro sushi.
A temperatura nem estava pra sorvete, mas como combinado, fomos de ice cream com Momoka, porque é a sobremesa favorita dela. Na foto nossa turma: Momoka, Alice, João, Ali, professora Portia, Lucila e Khalid.




Para  Momoka nossas sinceras homenagens, torcendo pelo seu “successlful”, adjetivo tão praticado nos últimos dias em nossa classe de English.



Não poderia esquecer nosso colega Ayoub que deixou a turma na semana passada, retornando ao Iêmen, onde mora e está  concluindo o Ensino Médio. Estudamos juntos desde que cheguei por aqui.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

PASTA KITCHEN - O DIA DA MACARRONADA


Final do jantar hora de pose para fotografias

Se somos sobressaltados com acontecimentos ruins, também temos a sorte de conferir boas ações, que certamente não vão salvar o mundo, mas podem muito bem aliviar a dor de um estômago vazio numa triste noite de inverno. Assim terminou o dia, no salão social de uma igreja anglicana no bairro de Observatory, bem próximo ao Centro de Cape Town.


O projeto leva além do nome do bairro, o título de Pasta Kitchen. Ao invés da tradicional sopa servida a muitos carentes, o projeto oferece todas as quartas-feiras uma bela e deliciosa macarronada a cerca de 40 moradores de Rua de Observatory.
Os voluntários chegam cedo para cozinhar o macarrão, preparar o molho, ralar o queijo e arrumar as mesas e o salão. Quando os homeless começam a chegar vão sentando e pondo a conversa em dia. Conversam entre si e com os voluntários, homens e mulheres jovens e adultos, estudantes de intercâmbio ou não, que além da vivência desejam expressar aos homeless que se preocupam com eles. Alguns já são frequentadores antigos, outros chegaram mais recentemente, mas o sentimento é comum a todos: participar do jantar das quartas.
Neste mês o projeto completa seu primeiro aniversário. A macarronada começou a ser servida na rua. Os organizadores preparavam tudo em uma pequena cozinha, cedida por uma pizzaria nas proximidades, que também é apoiadora do projeto, e reunia na rua mesmo os homeless e  ali os servia. 
Os voluntários relatam que dirigentes da Parish Church of St. Michael and ALL Angels (Igreja Anglicana), vendo aquele esforço ofereceram o salão social para a preparação e serviço do jantar. O lugar é aconchegante e permite  aos moradores de rua a utilização dos banheiros.
Toda quarta tem gente nova, como eu, por exemplo, que participei pela primeira vez, a convite da Luciana, uma colega de curso. Aqeela, uma cidadã de Cape Town também estreou nesta quarta. Ela soube do projeto pela rede social (Instagram). O brasileiro Kauê também estreou hoje.  Como ele, o projeto conta com outros estudantes brasileiros, como a Brenda, o Vinícius, a Luciana, entre outros.
Dani  Saporentti é uma das  idealizadoras do Observatory Pasta Kitchen. Ela coordena de perto todo o trabalho, orienta os voluntários e leva  todos a um momento de reflexão, minutos antes do jantar ser servido. 
Nolan é um homeless. Ele tem 55 anos e diz que fica feliz pelo carinho e atenção que recebe  no projeto. Segundo ele, não é só a refeição que importa, mas principalmente a forma como é tratado por todos. 
Matthew acompanha o Pasta Kitchen desde o início. Ele conta que está estudando a Bíblia, porque quer ajudar aos demais moradores de rua a terem um encontro com Deus.  Cathrine  tem 40 anos, além dela e do marido Chris, de 43, participaram no jantar  os filhos Andrew, de 15, Sebastian de 9 e Justin de 5. A família vive em Healthfield e segundo ela, contar com uma refeição feita na hora e especialmente para eles é muito bom. Um dos pontos mais marcantes do encontro, é que os voluntários servem os homeless e sentam-se à mesa para comer junto com eles.  O macarrão e os complementos – queijo e molho – são doações dos organizadores e voluntários. Sem contar que como é feito com amor, tudo é uma delícia.
Família de Cathrine e Chris
O projeto também prevê a reintegração dos homeless à sociedade, ajudando os na capacitação e na conquista de um lugar no mercado de trabalho.  Às quartas-feiras, durante o dia, são desenvolvidas algumas atividades e workshops com este objetivo.  

Brincadeiras e distrações para as crianças


Homeless é a expressão usada para identificar os sem-teto.

MISÉRIA DE TODOS OS DIAS



Morador de Rua dormindo na Praça do The City Hall
Hoje deparei com uma cena deplorável logo ao sair de casa pela manhã. Um homem, típico africano, remexia uma das lixeiras postas na calçada, uma vez que é comum, no dia da coleta, deixar os grandes vasilhames do lado de fora. Dentro deles estão os sacos de lixo que os oradores antecipadamente depositaram na lixeira.

Pois bem, não me surpreendi com a presença do homem, mas com o que ele separava. Ao erguer os olhos para cumprimenta-lo observei que ele separava ossos de frango. Fiquei estarrecida com a imagem, mas pensei: talvez seja para os cãs. Mas de pronto lembrei que se meus cães não comem ossos de frango, porque os dele deveriam comer?
A caminho da escola pus-me a pensar naquela situação e me lembrei de outra cena deplorável que vi no Centro um dia desses, quando a turma fazia um tour cultural.   Ainda não eram 10 horas da manhã e na praça em frente ao The City Hall, uma belíssima construção datada da primeira década do  século XX, vi um homem curvando-se para beber da água parada em um dos cantos da praça. O local, que em outros tempos era um dos cartões postais de Cape Town, agora é habitação de homens e mulheres que não têm onde morar.

Vista geral da praça do The City Hall
Lembrei também de uma passagem bíblica registrada no livro de II Reis 6, quando Samaria cercada pelo exercito da Síria passava por uma grande fome. Relata-nos a Bíblia que como moeda de troca usava-se a cabeça de jumento e o esterco de pombas, e nem todas as pessoas tinham acesso a tais valores, que a nós parecem tão pequenos.  E diante de tanta carência, como saber se aquele homem de fato separava os ossos de frango para sua própria alimentação?
Ao mesmo tempo em que o mundo exibe tanta riqueza, penso que nunca se viu antes tanta miséria. Não há um dia sequer que não haja centenas de pessoas buscando um recurso para sobrevivência em uma lixeira. Enquanto separam latinhas e garrafas pet para reciclagem é uma coisa, nossa consciência até os chama de recicladores, dando a eles um ofício, mas quando partem para retirarem do lixo o alimento é de fato o fim.  

Arquitetura Edwardiana inaugurada em 1905 no centro de Cape Town - The City Hall

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

AINDA SOBRE O WOMEN'S DAY



Não podia deixar passar o Women's Day sem fazer nada, embora o que tenha feito pareça bem insignificante. Como outros alunos também deixei a minha contribuição na caixa de doações que a escola dispôs no salão principal logo nos primeiros dias de agosto. 
Descobri depois, que poderia visitar o  local para onde tais materiais seriam destinados e foi assim que visitei uma instituição, acho que governamental, que cuida de adolescentes que passam ou passaram por problemas. 
A casa está localizada no bairro Mowbray, subúrbio de Cape Town, há poucos minutos do Centro. Por fora uma moradia como todas as outras, mas no interior um refugio para as jovens, umas ainda quase meninas, que precisam do socorro institucional. 
Meu English limitado não permitiu conhecer a instituição como gostaria, mas acho que as moças estão bem cuidadas.  
Na verdade, elas estão acostumadas com o trabalho de voluntárias no local e a maioria se entrosou facilmente com as estudantes  que as visitaram. O tempo foi curto, mas muito bem aproveitado. Brincaram, cantaram, dançaram. Enfim, se alegraram pela perspectiva de  que  são  pessoas importantes. 
Quanto a mim, tive a oportunidade  de visitar um centro de menores em outro país e perceber que dificuldades de relacionamento estão em todos os lugares, desde que existam serem humanos.  Não sei o que levou aquelas jovens àquele abrigo, mas penso que os motivos não sejam muito diferentes dos que levam adolescentes brasileiras à casas semelhantes. A desagregação familiar é uma marca predominante em nosso século, infelizmente.
Sem fotos,  e com  registros que estão na mente e no coração, e, que logo logo, vão se desfazer em raras lembranças,  o dia 9 de Agosto, reservado para a celebração do   Dia da Mulher na África do Sul, tem lá suas semelhanças com o  8 de Março, que é o Dia Internacional da Mulher, desde 1975, cujas  as lutas remontan desde o início do século, passando principalmente por reivindicações de melhorias nas condições de trabalho, enquanto o que marca o data africana, é a luta pela liberdade de ir e vir.  Mas a violência que continua a ser praticada contra a mulher está na pauta de ambos os movimentos. As meninas de abrigos em qualquer lugar do mundo deixam isso bem claro para qualquer um. 

WOMEN'S DAY É COMEMORADO HOJE NA ÁFRICA DO SUL

     Helen Joseph, Rahima Moosa, Sophie Williams e Lilian Ngoyi. 
    Foto Internet


Hoje não é um dia comum para as sul-africanas. É o Women's Day, um dia especial dedicado a conquista da liberdade para as mulheres se movimentarem em seu próprio país sem a apresentação do passe, que restringiam os lugares por onde poderiam circular. A manifestação aconteceu em 1956 e em 1994, já no fim do século passado, a data foi oficializada e transformada em feriado nacional.
Women's Day reflete a luta da mulher pelo seu lugar ao sol. É um dia  para dizer não a violência, que faz da África do Sul, segundo estatísticas, um dos países mais perigosos do mundo para a mulher. Aqui, segundo dados de instituições de pesquisas, uma mulher sofre algum tipo de violência a cada 17 segundos. A situação ocorre na cidade e no campo, neste último, segundo especialistas, com maior evidência. E não são só mulheres adultas, mas crianças e adolescentes também.
O dia era 9 de agosto de 1956 e uma marcha, que reuniu uma quantidade extraordinária de mulheres a Pretória, a capital executiva da África do Sul, foi liderada por quatro mulheres corajosas: Helen Joseph, Rahima Moosa, Sophie Williams e Lilian Ngoyi. Pessoalmente as  líderes entregaram petições ao gabinete do primeiro-ministro J.G. Strijdom.
Mulheres de toda a África do Sul colocaram seus nomes nessas petições exigindo uma mudança no quadro restritivo, que as obrigava a portar os  passes oficiais.



Fonte: Internet