sexta-feira, 28 de maio de 2021

COVID 19 DEIXA MAIS UM VAZIO ENTRE NÓS COM A PARTIDA PREMATURA DO UENDEL

Gordinho, Fofy's, Gugu, Coxinha, Pica-Pau e sabe mais quantos outros apelidos Uendel Ximenes Rodrigues tinha. Nunca se sentiu ofendido e atendia a todos. Fica a saudade deste amigo. Como professora de Adolescentes da ICM, que fui por muitos anos, nunca esperei presenciar a partida de um ex-aluno, ex porque eles crescem e seguem na caminhada. Sonhava sim em vê-los iniciando suas carreiras com sucesso, formando a família, gerando filhos e sendo instrumentos nas mãos de Deus, não só no serviço, mas na vida. No princípio tinha certeza que ele ia vencer, mas aprouve a Deus tomá-lo para ornamentar ainda mais os jardins dos céus. Até breve garoto. Um dia nos veremos na glória.
“Fala Leyla”. Esta era a expressão dele quando atendia minhas chamadas. Conheci Uendel ainda garoto, adolescente para ser mais preciso. Como minha memória não é das melhores, não sei exatamente quando, mas ele devia ter entre 13 e 14 anos. Foi pra igreja sozinho e lá iniciou uma nova caminhada e um novo ciclo de amizades. Prestativo desde sempre, bagunceiro também. Participativo e como era próprio de sua juventude, sua mente estava sempre viajando para algum lugar. Irrequieto e sempre em busca de novidades aprendeu a tocar violão, depois partiu para operar a mesa de som e participou de inúmeros eventos nesta função. Já tinha conquistado outros espaços, não era só o Uendel da ICM 4 de Janeiro, mas o Uendel da ICM. Podia dá tudo errado, ele ficava nervoso, mas superava. Eu era a professora, e como tal não sabia de tudo que acontecia, mas estava sempre de olho e nunca percebi sequer uma ação de desrespeito, por exemplo. Pelo contrário, Uendel desde sempre tratava a todos com respeito. Tinha as suas fraquezas? Claro, quem não as tem? O garoto cresceu, tornou-se um jovem partiu para novas conquistas, mas sempre que podia estava conosco. Foi o melhor T I que já tive e como “sobrinho” nunca aceitou um pagamento. Uendel tinha muitas estórias. Desde cedo começou a trabalhar com a mãe Conceição e a tia Célia na lanchonete no Centro de Porto Velho, literalmente conhecia todo mundo e a prova disso foi a quantidade de pessoas que se dispôs a ajudá-lo enquanto estava no leito. Uma verdadeira multidão de doadores tipo O negativo apareceu para socorrê-lo em Porto Velho e também no interior. Recentemente efetivou sua empresa e estava trabalhando por conta própria. Agora de fato e de direito era um empreendedor. Publicou nas redes sociais seu novo status, cheguei a cumprimentá-lo por mais esta conquista. E foi trabalhando que ele começou a maior e mais cruel batalha de sua vida. O que sabemos é que estava no interior fazendo atendimentos à clientes quando começou a passar mal. Decidiu voltar para Porto Velho e já com crises de falta de ar encarou cerca de 600 km de estrada. Foi direto para o Pronto Socorro. Acionou amigos mais chegados e desde então ficou hospitalizado. Foi o primeiro paciente em Rondônia a utilizar a Ecmo, (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), um equipamento de alta complexidade, utilizado para substituir o pulmão ou coração de pacientes com graves problemas respiratórios causados pelo Covid-19. A partir daí a luta foi diária. Boletins médicos eram aguardados com ansiedade pelos quase 300 membros do grupo de whatsapp criado pela família. Cada um na sua crença e na medida da sua fé enviava mensagens de conforto, de alento e de esperança para a família e amigos. Aprendemos termos médicos que antes nunca tínhamos ouvido falar e cada pequena evolução no quadro clínico era recebido como uma grande notícia, reacendendo a chama da esperança. As campanhas de doação de sangue foram incríveis. Chegando a comover os próprios trabalhadores da instituição responsável pela coleta de sangue. Teve dias em que muitos doadores tiveram que ser reagendados. E funcionários comentavam que ainda não tinham se deparado com tamanha solidariedade. Este é o nosso garoto, que mesmo sobre um leito mobilizou uma coletividade. Vou usar aqui a frase do nosso amigo em comum, que também foi seu professor na classe de jovens, Celso Lach , “guardarei boas lembranças dele, sempre alegre e apaixonado pela vida”.
A jornada do Uendel foi vencida. Três décadas de vida. Deixa corações dilacerados, em especial o da mãe. As mães, sempre elas sentem as dores mais profundas. Conceição que Deus sare as feridas. As cicatrizes permanecerão para sempre, mas um dia a dor chegará ao fim e serão doces as lembranças. Que Deus abençoe e conforte toda a família.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

EXPOSIÇÃO TRAZ PARA O PÚBLICO OS TRAÇOS DE GLEYCIANE PRATA

A artista plástica está empolgada e feliz com a exposição na Ivan Marrocos e espera conquistar novos apreciadores para o seu trabalho. Na exposição Laços Fraternos – Esperança ela apresenta pinturas em tela e em papel vergê.
O que define a qualidade de um artista? Seus traços, suas cores ou sua forma de enxergar o mundo? Parece que é de tudo um pouco, ou um pouco de tudo, se preferir. Gleyciane Prata é uma nova concepção para as artes plásticas de Rondônia. No seu trabalho usa materiais como tinta acrílica para tecido, tinta para aquarela, papel vergê e tela, além é claro dos variados pinceis. Ao manipulá-los produz peças dignas de admiração e que aguçam o desejo de tê-las na nossa sala, tamanha delicadeza. Traduzindo assim o seu trabalho, este novo nome das artes plásticas da capital rondoniense chega para sua primeira exposição individual. O momento não é dos mais favoráveis, mas ainda assim acreditou e aceitou o convite da Fundação Cultural de Rondônia-Casa de Cultura Ivan Marrocos e desde então, isso foi há seis meses, trabalhou incansavelmente para captar a alma de sua primeira exposição.
Gleyciane conta que muita coisa produziu no silêncio da noite, quando o tempo parecia correr um pouco mais devagar. Pensar, sentir, visualizar e imaginar como seria esta estreia por vezes lhe tirava o sono e trazia dúvidas, confessa a artista, mas o peso da responsabilidade a impulsionava a buscar um pouco mais. “Quando eu recebi o convite tinha poucos trabalhos disponíveis, mas não podia dispensar a oportunidade”, confidencia, admitindo que o convite foi uma surpresa enorme. Para ela expor na Galeria Afonso Ligório era de fato um sonho ou um projeto, mas não tinha ideia de que seria concretizado agora. Quanto a novos planos ela prefere deixar as coisas acontecerem, em especial enquanto durar a pandemia, mas não descarta a possibilidade de mostrar seu trabalho em Rio Branco, sua cidade natal, com a qual mantém fortes laços e ligação com artistas locais, e onde acredita que as portas estarão sempre abertas. No momento a certeza da artista é que continuará ministrando aulas de pintura. Interessados podem procurá-la pelo telefone/whatsapp (69)99267-3138. Com exceção de um quadro, todos os demais da exposição estão à venda. Os preços variam de 40 a 500 reais. “Tudo depende de uma negociação”, salienta Gleyciane.
O interesse pela arte surgiu aos nove anos, quando desenhava vestidos para suas bonecas. Achava que seria uma estilista, mas depois veio a descoberta da real vocação, desenhar e pintar e nesta estrada ela já está desde os 12 anos, quando frequentou o primeiro curso de pintura. Desde então tem procurado o aperfeiçoamento e mesmo sendo professora continua estudando e pesquisando. Em Porto Velho ela está há quase 15 anos. Já tendo participado de concursos de artes plásticas em algumas ocasiões e exposições coletivas.
A Galeria Organizar uma exposição não é uma tarefa muito fácil, em especial para quem está estreando no mercado. A colaboração da equipe da Casa de Cultura foi essencial. O artista plástico João Zoghbi está como curador da exposição Laços Fraternos - Esperança. Profissional experiente, Zoghbi, de acordo Gleyciane, foi fundamental para que tudo ficasse maravilhoso. “Ele deu ideias e se dispôs a executá-las, foi muito importante a ajuda dele”.
A exposição permanecerá na Ivan Marrocos até o dia 31. O horário para visitação é das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira. Gleyciane convidou seis outros artistas para compor com ela a Laços Fraternos. São eles Mari Bhrusck, Adriane Cardoso, Homero Rodrigues, Luciano Pinheiro, Arlete Cortez, João Henrique e Joabson Sousa. Uma caixa para arrecadação de alimentos foi colocada à entrada do salão. Todos os alimentos doados serão entregues a artistas que estão passando por dificuldades. “Sabemos que há artistas precisando de ajuda. Estamos fazendo o levantamento e a distribuição será de acordo com a quantidade do que for arrecadado”, diz a artista plástica. A entrega de alimento é voluntária.

terça-feira, 11 de maio de 2021

GLEYCIANE PRATA MOSTRA SUA OBRA A PARTIR DE SEGUNDA NA AFONSO LIGÓRIO

Artista iniciou suas primeiras descobertas aos nove anos
Aos poucos ela vem se mostrando para o público rondoniense. Dia 17 estreia sua primeira exposição individual, que perdeu este status, porque ela resolveu convidar outros artistas para juntos fazer esta viagem na Casa de Cultura Ivan Marrocos. Estou falando de Gleyciane Prata, uma artista dedicada às artes visuais que nasceu em Rio Branco, passou por Parintins, e que há 15 anos pousou sua arte em Porto Velho. O projeto denominado de Laços Fraternos – Esperança apresenta 25 obras de Gleyciane, entre quadros e esculturas. E é o resultado do que viu, viveu e produziu nos últimos anos. A exposição estreia no dia 17 de maio, às 16 horas e se estenderá até ao final do mês. Além da visita presencial o público também poderá visitar a exposição na Galeria Afonso Ligório virtualmente, pois estão previstas as gravações de lives para permitir que um público maior conheça a exposição. Os convidados de Gleyciane são Adriane Cardoso, Arlete Cortez, Homero Rodrigues, Joabson Sousa, João Henrique, Luciano Pinheiro e Mari Bhrusck. Alguns experimentando uma exposição pública pela primeira vez. Gleyciane Prata conta que decidiu dividir a exposição com alguns amigos, porque sabe como é difícil o começo e que viu uma grande oportunidade de fazê-los também conhecidos pelo público. Como também está ligada a trabalhos sociais, ela já definiu que haverá arrecadação de alimentos no local da exposição. “Vamos por uma caixa lá e quem desejar pode doar o alimento que quiser”, segundo ela a alimentação arrecadada será distribuída para artistas que estão vivendo em vulnerabilidade social. “O tema da nossa exposição por si só já diz alguma coisa sobre isso, laços fraternos e esperança, são ações nas quais acredito muito”. Ela explica que tudo tem a ver com abraçar as pessoas e confortá-las através da arte, em especial em um momento ímpar no qual a humanidade vive. “As obras que vamos expor também falam um pouco sobre isso e aí sentimentos de fraternidade, carinho e afeto não são destinados só às pessoas, mas também aos animais”. A exposição estreia na próxima segunda-feira, na Galeria Afonso Ligório, na Casa de Cultura Ivan Marrocos, em Porto Velho, próximo à Praça das Caixas d’Água. Os organizadores se comprometem a cumprir todo o protocolo a fim de evitar o acesso de visitantes sem o uso de máscara e manter o distanciamento necessário para segurança de todos.
Quem é Gleyciane? Mas quem é Gleyciane Prata? É uma artista que aprendeu a desenhar e pintar na infância. No primeiro momento sonhava com as passarelas da moda, desenhando e vestindo suas bonecas. Depois vieram as oportunidades, cursos em Rio Branco, depois em Parintins e a moda foi dando lugar a outro tipo de arte. E a menina que começou a brincadeira aos nove anos se descobriu desenhando e pintando telas sobre a sua regionalidade. Os indígenas é uma de suas marcas mais fortes. Mas antes de chegar às telas foi se destacando em alguns cursos de pintura para crianças e adolescentes, como em Parintins, quando tinha 12 anos e participava de um projeto social para adolescentes. “Lá a gente fazia um pouco de tudo, como macramê, crochê, escultura em barro, desenho e pintura e as professoras observaram que eu me saia melhor nestes dois últimos itens e começaram a me incentivar e me colocaram para pintar o na parede da instituição o rosto do padre que era o benfeitor do projeto, o padre Benito de Pietro, eu fiquei muito feliz.” Mas tarde, por volta dos 14 ou 15 anos Gleyciane retornou para Rio Branco e teve aulas patrocinadas pelo governo estadual. Com o professor Wellington Santana aprendeu algumas técnicas básicas. Ao final do curso, na exposição de todos os alunos, seu trabalho chamou a atenção do então presidente da Associação das Artes Plásticas do Acre, Glicério Gomes, que conversou então com o pai da jovem artista e a convidou para fazer parte da Associação. A partir daí, com a convivência com artistas profissionais pôde até participar de um concurso, no qual um dos concorrentes era o seu professor.
Mas a temporada de Rio Branco chegou ao fim e quando tinha entre 16 e 17 anos precisou mudar para Porto Velho. Passou um tempo sem ação por não conhecer ninguém. Usou a internet para pesquisar sobre os artistas locais e gostou dos trabalhos de Mikéliton Alves, com quem passou a trocar informações. Participou de alguns concursos como o do Conselho Regional de Medicina e do Exército, interagindo com outros artistas. A partir de então algumas portas começaram a se abrir como exposições coletivas no Shopping Porto Velho, em 2016 e o projeto em parceria com a empresa de ônibus urbano da capital e a Biblioteca Viveiro das Artes, em 2018. Dois trabalhos de Gleyciane foram reproduzidos nas laterais de alguns veículos de transporte de passageiros e puderam ser visualizados em toda cidade, o Beija-Flor e Exército Brasileiro. Fazendo graduação em gestão pública no Ifro, Instituto Federal de Rondônia, o então diretor, Miguel Jamberson a convidou para desenvolver alguns projetos, que acabaram inviabilizados, mas que abriram as portas para outros e hoje ela já está na segunda edição do Cores em Ação. São 25 alunos, a maioria da comunidade e estudantes do Ifro matriculados no curso básico de pintura. A primeira edição foi dedicada apenas aos alunos do Ifro e reuniu cerca de 12 pessoas. Desta vez, o curso foi liberado para o público externo e ela conta que tem alunos de Porto Velho, dos distritos e municípios e até de outros estados. O curso tem duração de três meses e está na grade do Instituto, que faz o processo seletivo. Ano passado veio o convite da Casa de Cultura Ivan Marrocos para uma exposição individual, prevista inicialmente para março, mas adiada para maio em função da pandemia e que será aberta no dia 17 de maio na Galeria Afonso Ligório.