segunda-feira, 19 de novembro de 2018

AS MENINAS DA BRAZILIAN FOOD


              
Olha nós ai. Teve até uma relíquia, a sacola plástica personalizada. Encontrei nos guardados do meu irmão e colega de trabalho Ademilson.

Não dá para lembrar com total clareza tudo que aconteceu na década de 80, mas sem dúvida foi uma época muito importante para mim. E, esta semana (terceira semana de outubro de 2018) tive  a oportunidade de movimentar um pouco os baús do passado, quando encontrei algumas queridas ex-colegas de trabalho e que com o passar do tempo passaram para a categoria de amigas, algumas por afinidade, outras pelos ministérios da vida, que nos liga a pessoas incríveis em todos os lugares.
A Brazilian Food, sem dúvida nenhuma, foi a melhor empresa privada em que trabalhei. Cheguei, se não me engano, em 1983 ou 84, estava estudando Jornalismo  na Faculdade de Comunicação Social em Bonsucesso. A Valéria Igreja, que hoje é também Moreira, uma colega de turma,  tinha sido contratada por uma empresa temporária, se não me engano a Gelre, e prestava serviços na BF. Ela me falou da empresa e disse que estavam precisando de uma faturista, arrisquei e fui admitida para preencher  notas fiscais. Era tudo na munheca. Todos os dias eram inúmeras notas fiscais, mas acho que não demorou muito este processo, porque logo veio a tecnologia e fui aproveitada na Gerência de Produção (Gerop) para outras atividades. O trabalho era de peão mesmo basta pensar no nome: p r o d u ç ã o. Trabalhávamos muito e acho que não seria exagero dizer que sem o nosso trabalho a empresa parava. Mas amávamos o nosso departamento, dávamos o nosso sangue por ele. Pelo menos era assim que eu pensava naquele tempo. Não tínhamos horário para sair, especialmente nos últimos dias do mês e trabalhar aos sábados era muito comum.
Mas o tempo  passou, e eu tinha   um projeto em mente: ser repórter. No término  da Faculdade optei por deixar a empresa, da qual me desliguei em fevereiro de 1986.   Me mudei para o Norte do país, e realizei o meu sonho. Constitui família, virei funcionária pública e agora já aposentada eis que do nada surge a oportunidade deste encontro.  Mas deixa eu relatar que  em novembro de 1986, quando vim ao Rio depois de ter me mudado para Porto Velho, que um grupo de colegas da Gerop foi me recepcionar no aeroporto do Galeão, mas o avião da Varig apresentou um problema técnico e pernoitou em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A saudade era grande de ambas as partes e a turma preparou cartazes para me recepcionar, nos quais escreveram frases tipo: “A Gerop está aqui”, “Neguinha te amamos” e outras coisas. Recebi os cartazes,  mas sem a euforia do aeroporto. Até hoje fico pensando no frenesi e na disposição daquele pessoal em deixar tudo para ir ao aeroporto me receber com Boas Vindas. Voltando ao assunto, trabalhávamos   na avenida Rio Branco 109, no coração do centro comercial e financeiro do Rio de Janeiro. E nosso encontro não poderia ser em outro lugar, que não o já antigo McDonald em frente ao nosso antigo endereço.  Há uns dois ou três anos tentamos realizar um encontro, mas não deu certo, acho que era época de férias e ai a programação falhou. Mas agora, foi assim, tudo muito rápido e rasteiro. Avisei que estava no Rio e logo veio uma proposta. O whatsApp foi nosso melhor parceiro, porque em poucas horas algumas pessoas foram acionadas e todas de acordo marcamos o encontro para a semana seguinte, com dia e horário preestabelecidos.


Tínhamos um time vencedor na Gerop.


O ENCONTRO
Pra começo de conversa, é bom salientar que ninguém chegou atrasado, ou melhor, atrasada, visto que neste primeiro momento apenas as meninas participaram. Eu não consegui definir com clareza na minha mente o que esperava encontrar, afinal de contas há 30 anos não via aquelas pessoas. E algumas delas, depois eu soube, não se viam há pelo menos 20 anos, ou desde o fechamento da empresa, se não me engano.  Para amenizar a ansiedade  fui de trem e fiquei surpresa com a qualidade dos serviços. Trens limpos e novos, sem pichação. E no horário.  O encontro era para as 13h30, mas às 12 horas desembarquei na Central do Brasil. Fiz um deslocamento tranquilo. Passeei no Campo de Santana, parei em algumas lojas na Buenos Aires e já no Mercado das Flores atravessei para a Rua do Rosário e já nos primeiros passos da Rio Branco avistei minhas queridas  irmãs, porque é assim, nós mulheres acabamos todas sendo irmãs, especialmente quando temos três décadas de relacionamento. É incrível, mas a sensação que tive foi de que estivemos juntas a vida toda. Todas tinham a mesma fisionomia do tempo da Gerop, mesmo com as marcas do tempo em cada rosto.  Ao meu ver, estão mais belas e com muito mais afinidades do que antes. Não tivemos lágrimas, mas muitos abraços apertados e alegria. Como bem definiu uma delas, foi mágico.
Estivemos juntas por pouco tempo, mas foi excelente. Falamos alto, fizemos barulho, tiramos fotos e quando achávamos que alguém na lanchonete estava se incomodando com o nosso barulho, havia sempre uma explicação: há muito tempo não nos vemos. 
O encontro provocou a criação em um grupo de WhatsApp, até então, algumas de nós  nos falávamos individualmente, mas agora temos um grupo que está ganhando adesões de outros ex-funcionários da BF e já se fala em um encontro maior em janeiro de 2019.
Ainda nem contei quem estava lá: Ana Avelino, Mara Nádia, Marlene Cavalcanti, Rosângela Lima, Rosália Gonçalves, Cristina e eu. Cristina entrou na empresa depois que eu deixei a BF, e quando soube do encontro, mesmo com limitações se dispôs a participar.  Outros também disseram que gostariam de ter participado, mas acho que para o primeiro momento tivemos tudo que precisávamos. Agora, a partir de 2019 fica por conta do pessoal se organizar e manter o grupo unido. As redes sociais são muito legais, mas nada como ter a oportunidade de ver e de tocar as pessoas a quem queremos bem.



Lembranças de 1986. Muito amor envolvido.
Muitos colegas e amigos que participaram desta
recepção que acabou não acontecendo não estão citados no texto, porque na verdade, nem sei exatamente quem esteve lá.
Mas receber os cartazes dias após a minha chegada foi de fato incrível.




Obrigada irmãs queridas pela maravilhosa oportunidade de estar com vocês. Realmente foi Mágico.
Há sempre algo emocionante acontecendo no Rio de Janeiro, em especial o carinho e amizade que a distância e o tempo não conseguiram apagar.