Aeroporto de Cape Town |
Parece que
temos ideias um pouco negativas dos árabes,
talvez em função dos noticiários e filmes que chegam até nós, mas neste
primeiro contato, percebi que são pessoas incríveis, jovens como os
brasileiros, cheios de sonhos. Pessoas receptivas e aptas a aprender um pouco
mais do mundo com os demais. Aliás, neste momento, a escola tem um grande
numero de alunos oriundos do Oriente Médio, não sei que fenômeno é este, mas
mais pra frente, quando estiver me comunicado melhor, gostaria de descobrir.
Todos são
jovens, Abdullah – adorei este nome – tem 19, Juliana 23, Hamed e Ayoub devem
ter entre 20 e 22 e Fred tem uns 30, talvez. É engenheiro de Telecomunicações,
trabalha na Tim com desenvolvimento de projetos. Juliana trabalha na área comercial em uma rede hospitalar. No Brasil estuda na escola Wise Up. Até a
véspera de seu retorno queria muito poder ficar mais algum tempo em Cape Town,
mas no dia da partida, na sexta-feira (22) que também era o dia do seu
aniversário estava ansiosa para retornar para casa. Quanto a Abdullah pensa em ser dentista, diz
que em seu país é muito necessário este profissional. Pelo que entendi, ainda
estou bastante confusa, Ayoub pensa no futebol e o Hamed não sei.
Frederico, Alice, Fátima, Ayoub, Juliana, Abdullah e Hamed |
Como era de
se esperar sou a anciã da classe. Nossa teacher, a Fátima, tem uns 25 anos. É natural da Cidade do Cabo e
é mulçumana. Outra pessoa muito simpática. O horário da tarde é especial e esta
semana tive duas professoras, Maz e Fátima.
Na
sexta-feira teve uma almoço, tipo confraternização. Os alunos, de uma outra turma, tinham dentro do programa de lições o
preparo de pratos originários de seus países.
Neste dia então, o almoço foi 0800. Muito boa a interação entre alunos, professores e demais funcionários. No cardápio
frango, batata frita, arroz, feijão (não tinha nada a ver com o nosso, mas
graças a Deus era feijão), saladas deliciosas, pães do tipo sírio, ovos fritos,
hambúrguer e como não podia faltar a Coca-Cola.
Ah! Tinha também um Sprite, além de suco.
Estou
morando temporariamente em um lugar muito legal. Um condomínio em U, em um bairro
totalmente residencial, distante da escola uns 15 minutos a pé. Minha
homestay é a Ziggi. Uma sul-africana que
mora aqui a cerca de 5 anos. Uma pessoa muito boa, destas que Deus prepara para
estar com você, mesmo que seja por pouco tempo. Semana que vem, provavelmente dia
29 nascerá sua netinha e ela está muito feliz com a oportunidade de ser avó, ou
melhor, grandmother.
Alunos na preparação do almoço |
Temos aqui
duas situações negativas: o frio, que é terrível agravado pelos fortes ventos.
Hoje não preciso sair, felizmente. Lá fora esta ventando muito. E a falta
de água. Parece um mistério. Há um ano
Cape Town passa pelo problema de escassez de água e não se prevê solução de
nenhum lado. As pessoas são privadas de muitas coisas devido a falta de água.
Os banhos, quando muito, podem ser de dois minutos. Imagine: água hiper, mega
gelada até esperar o chuveiro aquecer para
começar o banho? Uma loucura. Pra mim o pior pedaço da viagem está sendo
este, porque o frio você se veste com uma porção de roupas, calça botas etc,
mas a água não tem jeito. Estou realmente preocupada, como suportar esta
situação por tanto tempo.
Seguindo as
dicas do Fred, descobri que posso comprar uma comidinha para o almoço perto da
escola. Não é um cardápio variado, mas dá pra comer. Meu amigo, que está aqui
há três semanas, disse que não aguenta
mais aquela comida, mas não tem outro jeito. A caminho do mercadinho para a
compra da quentinha, encontramos angolanos
e portugueses, uma festa. No balcão de
alimentos não há muitas opções. Geralmente somos atendidos pela Grace, ainda
não perguntei a nacionalidade dela, visto que aqui é muito comum a presença de trabalhadores
de outros países como Angola, Moçambique, Botswana, Lesoto, Zimbábue, e Suazilândia,
que desde abril teve o nome mudado para Reino de eSwatini. A maioria deixa seus
países em busca de trabalho.
Restrições no consumo de água |
Na quinta,
sem muita opção, escolhi um macarrão ao molho branco coberto com queijo, identificado como macarrone with cheese. Nem gosto de molho branco, mas comi assim
mesmo. O gosto não era nem ruim nem bom. Umas duas horas depois deu aquele
revertério. Pensa! Fiquei mal. Mas a situação foi contornada e pude assistir
o restante da aula. A mim, a comida
pareceu estar fresquinha, mas meu organismo não sentiu da mesma forma. Espero
não ter muito desses casos para registrar.
A semana foi
impactada pela morte do meu irmão Ademilson, lá no Rio de Janeiro. Ele era o terceiro
filho dos meus pais e foi vítima de um infarto fulminante na terça-feira, dia
19, à noite, aos 67 anos.
E assim foi
a primeira semana. No final da tarde de sexta (ontem) fomos (Ziggi e eu) ao
Cavendish Square, um shopping bem bacana aqui em Newlands/Claremont. Aqui os
shoppings fecham às 7 da noite. Em Joanesburgo às 5 da tarde.
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