Olha nós ai. Teve até uma relíquia, a sacola plástica personalizada. Encontrei nos guardados do meu irmão e colega de trabalho Ademilson. |
Não dá para lembrar com total
clareza tudo que aconteceu na década de 80, mas sem dúvida foi uma época muito
importante para mim. E, esta semana (terceira semana de outubro de 2018) tive a oportunidade de movimentar um pouco os baús
do passado, quando encontrei algumas queridas ex-colegas de trabalho e que com
o passar do tempo passaram para a categoria de amigas, algumas por afinidade,
outras pelos ministérios da vida, que nos liga a pessoas incríveis em todos os
lugares.
A Brazilian Food, sem dúvida
nenhuma, foi a melhor empresa privada em que trabalhei. Cheguei, se não me
engano, em 1983 ou 84, estava estudando Jornalismo na Faculdade de Comunicação Social em
Bonsucesso. A Valéria Igreja, que hoje é também Moreira, uma colega de
turma, tinha sido contratada por uma
empresa temporária, se não me engano a Gelre, e prestava serviços na BF. Ela me
falou da empresa e disse que estavam precisando de uma faturista, arrisquei e
fui admitida para preencher notas
fiscais. Era tudo na munheca. Todos os dias eram inúmeras notas fiscais, mas
acho que não demorou muito este processo, porque logo veio a tecnologia e fui
aproveitada na Gerência de Produção (Gerop) para outras atividades. O trabalho
era de peão mesmo basta pensar no nome: p r o d u ç ã o. Trabalhávamos muito e
acho que não seria exagero dizer que sem o nosso trabalho a empresa parava. Mas
amávamos o nosso departamento, dávamos o nosso sangue por ele. Pelo menos era
assim que eu pensava naquele tempo. Não tínhamos horário para sair,
especialmente nos últimos dias do mês e trabalhar aos sábados era muito comum.
Mas o tempo passou, e eu tinha um projeto em mente: ser repórter. No
término da Faculdade optei por deixar a
empresa, da qual me desliguei em fevereiro de 1986. Me mudei para o Norte do país, e realizei o
meu sonho. Constitui família, virei funcionária pública e agora já aposentada
eis que do nada surge a oportunidade deste encontro. Mas deixa eu relatar que em novembro de 1986, quando vim ao Rio depois
de ter me mudado para Porto Velho, que um grupo de colegas da Gerop foi me
recepcionar no aeroporto do Galeão, mas o avião da Varig apresentou um problema
técnico e pernoitou em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A saudade era
grande de ambas as partes e a turma preparou cartazes para me recepcionar, nos quais
escreveram frases tipo: “A Gerop está aqui”, “Neguinha te amamos” e outras
coisas. Recebi os cartazes, mas sem a
euforia do aeroporto. Até hoje fico pensando no frenesi e na disposição daquele
pessoal em deixar tudo para ir ao aeroporto me receber com Boas Vindas.
Voltando ao assunto, trabalhávamos na
avenida Rio Branco 109, no coração do centro comercial e financeiro do Rio de
Janeiro. E nosso encontro não poderia ser em outro lugar, que não o já antigo
McDonald em frente ao nosso antigo endereço. Há uns dois ou três anos tentamos realizar um
encontro, mas não deu certo, acho que era época de férias e ai a programação
falhou. Mas agora, foi assim, tudo muito rápido e rasteiro. Avisei que estava
no Rio e logo veio uma proposta. O whatsApp foi nosso melhor parceiro, porque
em poucas horas algumas pessoas foram acionadas e todas de acordo marcamos o
encontro para a semana seguinte, com dia e horário preestabelecidos.
Tínhamos um time vencedor na Gerop. |
O ENCONTRO
Pra começo de conversa, é bom
salientar que ninguém chegou atrasado, ou melhor, atrasada, visto que neste
primeiro momento apenas as meninas participaram. Eu não consegui definir com
clareza na minha mente o que esperava encontrar, afinal de contas há 30 anos
não via aquelas pessoas. E algumas delas, depois eu soube, não se viam há pelo
menos 20 anos, ou desde o fechamento da empresa, se não me engano. Para amenizar a ansiedade fui de trem e fiquei surpresa com a qualidade
dos serviços. Trens limpos e novos, sem pichação. E no horário. O encontro era para as 13h30, mas às 12 horas
desembarquei na Central do Brasil. Fiz um deslocamento tranquilo. Passeei no
Campo de Santana, parei em algumas lojas na Buenos Aires e já no Mercado das
Flores atravessei para a Rua do Rosário e já nos primeiros passos da Rio Branco
avistei minhas queridas irmãs, porque é
assim, nós mulheres acabamos todas sendo irmãs, especialmente quando temos três
décadas de relacionamento. É incrível, mas a sensação que tive foi de que
estivemos juntas a vida toda. Todas tinham a mesma fisionomia do tempo da
Gerop, mesmo com as marcas do tempo em cada rosto. Ao meu ver, estão mais belas e com muito mais
afinidades do que antes. Não tivemos lágrimas, mas muitos abraços apertados e
alegria. Como bem definiu uma delas, foi mágico.
Estivemos juntas por pouco tempo,
mas foi excelente. Falamos alto, fizemos barulho, tiramos fotos e quando
achávamos que alguém na lanchonete estava se incomodando com o nosso barulho,
havia sempre uma explicação: há muito tempo não nos vemos.
O encontro provocou a criação em
um grupo de WhatsApp, até então, algumas de nós
nos falávamos individualmente, mas agora temos um grupo que está
ganhando adesões de outros ex-funcionários da BF e já se fala em um encontro
maior em janeiro de 2019.
Ainda nem contei quem estava lá:
Ana Avelino, Mara Nádia, Marlene Cavalcanti, Rosângela Lima, Rosália Gonçalves,
Cristina e eu. Cristina entrou na empresa depois que eu deixei a BF, e quando
soube do encontro, mesmo com limitações se dispôs a participar. Outros também disseram que gostariam de ter
participado, mas acho que para o primeiro momento tivemos tudo que
precisávamos. Agora, a partir de 2019 fica por conta do pessoal se organizar e
manter o grupo unido. As redes sociais são muito legais, mas nada como ter a
oportunidade de ver e de tocar as pessoas a quem queremos bem.
Lembranças de 1986. Muito amor envolvido.
Muitos colegas e amigos que participaram desta
recepção que acabou não acontecendo não estão citados no texto, porque na verdade, nem sei exatamente quem esteve lá.
Mas receber os cartazes dias após a minha chegada foi de fato incrível.
Obrigada irmãs queridas pela
maravilhosa oportunidade de estar com vocês. Realmente foi Mágico.
Há sempre algo emocionante acontecendo no Rio de Janeiro, em especial o carinho e amizade que a distância e o tempo não conseguiram apagar.