Os cinco passos do almoço na Township Gugulethu em Cape Town
Restaurante Mzoli's na Township Guguleth em Cape Town |
Enfim saímos para a Township. O
motorista que nos levou já é um velho conhecido da Luciana. No carro as
recomendações. Nossa amiga Helena de Angola ficou preocupada, mas superou logo,
depois foi o Kalid, um saudita gente boa, que como nós está a estudar aqui,
como diria Helena. Kalid não aprovou muito, mas agora já era tarde. Nosso
destino já estava selado. Eu estava tranquila, mas tinha pensado que o motorista
ia ficar lá conosco, mas qual a surpresa, ele nos deixou para retornar assim
que solicitássemos a volta.
Pois bem, o lugar não é longe de Rondebosch,
nosso ponto de partida e ainda passamos pra pegar os demais em Claremont. Certamente,
por ser domingo, o trânsito estava uma maravilha. Conforme que vamos deixando o
subúrbio deste lado de Cape Town, vamos também observando a mudança no cenário.
As de agora parecem menores e à medida que avançamos vamos constatando que há
lixo espalhado em algumas ruas. Por onde passamos agora a presença dos negros
é mais forte e mais constante. E por ai vai.
Chegamos em Gugulethu. O
restaurante fica logo na entrada da comunidade. Felizmente chegamos cedo,
quando o movimento ainda não é muito intenso e descobrimos que há dois
ambientes.
A escolha da carne é fundamental |
No primeiro que é um açougue próprio do restaurante, o cliente
escolhe a carne. Tem bovina, suína e frango, além da linguiça de porco. A
atendente pesa cada item separadamente pergunta se quer molho e manda para o
caixa, onde fazemos o pagamento e recebemos
O cliente define o tamanho do prato |
o prato (ouvi um questionamento indiscreto: “vamos comer cru?”). Mas deixa
isso pra lá.
Com o prato nas mãos, seguimos em um corredor e chegamos ao churrasqueiro que recebe o prato e manda
que retornemos em quinze minutos. Nesse meio
tempo podemos fazer o que quisermos, mas
como ainda estamos assustado pelas recomendações,
nos refugiamos no interior do restaurante. Do lado de fora há vendedores de
camisetas, bonés, chaveiros, colares e outros souvenirs.
Churrasqueiros no controle |
Os quinze minutos de espera da
carne assada funcionam também como um relaxamento, a medida que vamos nos familiarizando
com o ambiente. O salão é simples. A maioria das cadeiras de plástico e bem
usadas, o piso é cimentado e rústico. As mesas são meio que improvisadas e
cobertas por toalhas plásticas. No meio de tudo, um som, que para mim que não
estou acostumada, ensurdecedor, comandado por um Djei. Não faltou o carimbo na mão pra marcar quem
entra e quem sai.
Conforme a hora vai passando o
público vai chegando. Muitos turistas, mas também muitos locais. Na África do
Sul é proibido ingerir bebida alcoólica na rua, mas em bares e restaurantes não
tem problema e pra variar, parece que as pessoas gostam mais de beber do que de
comer. Mas tudo sem nenhuma alteração, pelo menos durante o tempo que permaneci
por lá.
Assada no ponto |
Mas voltando à comida, passado os 15 minutos, ou um pouquinho mais o cliente
retorna ao outro ambiente e recebe seu prato. Não há uso de talheres. Os
turistas se contentam com a carne, os nativos, em geral, acrescentam outros
pratos típicos, como o pap, por exemplo. Uma polenta feita de farinha de milho
branco. A pessoa come e literalmente lambe os dedos.
O mais legal é o preço, que não é
dos mais caros e ainda tem a vantagem de fazer o pedido mais de uma vez, caso
alguém queira repetir.
Não vi desperdício e se sobra, o cliente leva pra casa. O
restaurante chama-se Mzolii’s Meat. Uma delícia.
Não sobra quase nada. Só os ossos e excesso de gordura. |