Eu não consegui, mas fico feliz por ver pessoas hoje realizando o grande sonho de uma moradia própria com parcelamento dentro da realidade do assalariado, aposentado e pensionista.
Tempos atrás eu precisava muito
de um imóvel para chamar de meu. Só não ia atrás de invasões porque morria de
medo das consequências. Mas onde dissessem que havia inscrição para a casa
própria, lá estava eu.
Assim foi que fiz uma inscrição na Emdur (Empresa de
Desenvolvimento Urbano de Porto Velho), não lembro quem era seu presidente ou o
prefeito da capital, fato é que preenchi fichas e cheguei a sonhar em morar naquele, que mais
tarde seria um condomínio em frente ao Hospital
de Base. Na época não existia nada, somente a promessa de que ali seria construído
um condomínio destinado aos servidores públicos. Acreditei com todas as minhas forças.
Anos se passaram e as promessas
também. Mas nunca esqueci. Mais tarde os prédios foram erguidos e os
funcionários públicos parece que foram
esquecidos. Nunca soube de alguém que tivesse feito a inscrição na Emdur e que
tivesse sido beneficiado com um imóvel naquele lugar.
O preâmbulo é para ilustrar algo
que vem ocorrendo agora. Tudo bem que aqui em Porto Velho ninguém recebeu as
chaves das moradias do Minha Casa Minha
Vida. Mas parece que o sonho de muitas pessoas está próximo de se tornar
realidade. E digo realidade porque conheço pelo menos duas famílias agraciadas
com o benefício da nova moradia. Diferente do episódio descrito anteriormente.
Hoje conheci Maria de Lourdes da
Silva. Emocionada ela foi agradecer ao governador Confúcio Moura a oportunidade
de sonhar com a casa própria. Ela é uma das centenas de felizardos que vão
deixar o aluguel e morar em uma construção padrão, onde tudo é simples mas
promete dignidade.
D. Lourdes Silva se apresentou ao chefe do Executivo Estadual, Confucio Moura e declarou que está muito feliz por ter sido contemplada, disse a ele que finalmente terá um canto do qual ninguém poderá tirá-la contra a sua própria vontade. "Foi lindo ouvir o meu nome no sorteio". (Foto: Daiane Mendonça)
Pensei, como teria sido feliz se lá pelas bandas de mil
novecentos e bolinha tivesse sido contemplada com uma casa própria com prestações
que cabiam no bolso e ficasse livre do aluguel?
De fato, este é um sonho do
brasileiro. Ou mesmo de todo homem: Ter um chão seu, uma terra própria, onde
possa pisar sem medo de ser expulso, despejado,
desalojado ou desapropriado.
Das pessoas que conheço, uma
mulher de meia idade, três filhas e muito esforço para ganhar a vida espera
começar 2015 com o sonho da casa própria concretizado. Dizem que falta pouco, talvez
um s quatro ou cinco meses. O outro é um
homem de mais de 80 anos, portador de
Alzheimer, que mora com os filhos, mas não dispõe de um pequeno conforto de ter
um quarto só para si. Vive na sala, por onde passa toda a movimentação da
família e finalmente, se tudo der certo, vai ter um espaço próprio para desfilar
suas esparsas lembranças.
Realmente este é um sonho de
muita gente, mas poucas pessoas podem de fato realizá-lo. O que se espera é que
em
breve as chaves desses pequenos castelos possam estar nas mãos de seus felizes
proprietários e eles possam desfrutar por muito tempo de tão maravilhoso
benefício.
Não há nada mais confortante do
que ficar livre do aluguel que vence a cada trinta dias. Um bicho papão real,
que deita e levanta com o inquilino, vigia o nosso bolso e a conta salário. E
não dá tréguas para ninguém.
Ou pra quem não
mora de aluguel, mas de favor ter a sua própria moradia é fenomenal.